segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Method Man and Redman Live @Rock The Bells 2012

Xis - Entre o Amor e o Odio (Video Oficial) Xistape 2

Review: Ky-Mani Marley – Radio [2007]


Radio, de Ky-Mani Marley é um disco que tem bastante influência ao Hip-Hop. Se compararmos com seu pai ou seus irmãos, Ky-Mani tem o estilo mais ‘diferente’ dentre eles. Talvez tenha um pouco haver com sua criação, Ky-Mani se mudou aos nove anos para Miami. Ele é o único filho de Bob Marley com Anita Belnavis. Se mudando para lá, o contato com o Rap foi rápido. Ele primeiramente praticou esportes antes da música, e depois de começar aulas de piano, guitarra e trompete, ele começou a rimar. Isso mesmo, rimar. Ele sempre apresentou um estilo voltado ao Reggae, como o próprio Bob e seus irmãos, mas em 2007 ele lançou o disco Radio, com uma influência Hip-Hop muito grande do que nos outros discos. Em 2002, ele participou do filme Shottas, filme que virou um clássico cult, no filme Ky-Mani adota uma postura gangster em seu personagem, assim como neste disco. Muitas faixas são repletas de coisas do tipo. É algo como Reggae transportado para as ruas de Miami. Muitos o criticam por isso, e questionam se Bob Marley aprovaria isso. Mas o Raplogia não se importa muito com isso, e sim com a música.
O disco não é totalmente de Rap, deixo claro isso. Mas é o disco de Ky-Mani que mais explora isso, na primeira faixa temos Young Buck e Louie Rankin. Buck solta suas rimas, com uma postura violenta, e Louie ajuda Marley a deixar a faixa com aquele ‘flava’ jamaicano. The March é outro som com a combinação Hip Hop X Reggae. Cheia de um certo storytelling falando das ruas, Ky-Mani mostra que consegue fazer o Rap sem sair do reggae totalmente. Pois apesar da música se influenciar mais pelo estilo americano, não deixa o estilo jamaicano fugir. Ky-Mani retrata mais duramente as ruas nesse disco, falando de uma realidade que atua no presente, não algo que ele quer buscar no futuro, ou algo que é cheio de ostentação. Slow Roll tem sua produção totalmente voltada ao Rap, mas Ky-Mani não rima praticamente na faixa, somente canta, ou melhor, solta um flow que parece que esteja cantando, já que rimar de fato o cantor está. Ou seja, mais uma vez ele não foge do Reggae. Gail Gotti é uma rapper que tem um verso curto nessa música, não decepciona. One Time é a música de trabalho do disco, e também uma das melhores. Uma produção altamente envolvente com rimas violentas, nada parecido com o que seu pai fazia. A comparação a Bob é algo que deve-se evitar, mas é impossível. Essa faixa fala de armas, ruas, matar caguetas… tudo bastante relacionado a rappers de Miami, que rimam nessa postura gangsta e que buscam mostrar o seu crédito nas ruas. Ky-Mani faz uma faixa agradável, pequenos wordplays interessantes aparecerem, mas não são o forte dele, apesar disso Ky-Mani consegue mostrar a que veio. Em One Time, ele também mostra seu crédito nas ruas, como os rappers de MIA citados acima. Hustler é algo mais voltado ao Reggae, bela faixa. Prefiro não falar tanto das que se voltam para o Reggae, já que não sou perito. Mas posso claramente falar de uma mistura entre ele e o Rap. The Conversation traz Tessanne Chin para colaborar, e tem uma cara mais R&B. É uma faixa diferente do que o disco prega. Royal Vibes é outro Reggae, bastante envolvente como uma música desse estilo tem de ser. I Got You é uma mistura de reggae, rap e R&B. É a típica mistura do Rap com o R&B, mas com uma pitada jamaicana. A música é mais romântica. É bastante interessante vermos misturas do tipo, o disco é consistente por isso. Apesar de parecer que isso seja uma ‘zuera’ só, não é. O disco abraça uma musicalidade baseada na mistura do ritmo jamaicano com o americano, mistura a qual não podia ser difundida por alguém melhor do que Ky-Mani. Claro que citarão o disco de Nas com Damian Marley relacionados ao que eu disse sobre a mistura, mas, é como se Ky-Mani fosse os dois ao mesmo tempo – claro que ele não rima como o Nas, mas vocês entenderam. Jezebel traz um solo de piano no começo, bastante melancólico, e a partir do término desse solo começa mais um reggae. So Hot tem uma batida bastante influenciada pelo Miami Bass, com Marley dando aquele toque animado do Reggae ela se torna uma faixa bastante dançante. Ghetto Soldier traz uma postura que Ky-Mani mostrou bastante no disco, eu citei ‘gangsta’ como tal postura, mas talvez ‘soldier’ seja a melhor definição. Em One Time, ele disse que foi criado como um soldado, e fala várias vezes de ser um soldado das ruas, muitas vezes indiretamente, esta é a faixa que ele mais fala diretamente disso. Não é algo tão ‘gangsta’, é mais algo como se ele fosse um ‘militante’, ele canta coisas do tipo em The March também. Em Breakdown, Ky-Mani canta em um belo tom envolvente, em uma música com alguns drums interessantes, se misturando com novamente com o… Reggae! I Pray tem mais uma batida mais parecida com o Rap, sua temática é interessante e Marley não decepciona no microfone, fala sobre Jah e assuntos mais religiosos. O disco termina com um remix de The March.
O “desenvolvimento” do review talvez tenha ficado confuso, mas é assim que a gente vai ficar quando ouve o disco. “É um disco de Reggae? Ou é um disco de Rap?” a resposta é: é um disco das duas coisas. Ky-Mani Marley rima sobre batidas de Rap, canta sobre batidas de Rap e faz tudo isso muito bem. Solta assuntos pesados, com a cara de quem já viveu tudo aquilo, e ainda vive. A postura ‘soldier/gangsta’ adotada no disco, é bastante parecida com a que o personagem de Ky-Mani adota no filme Shottas, recomendo assistir o filme, talvez muitos entenderiam o que eu quero passar com mais facilidade. O disco é bom, é ótimo para se ouvir com o compromisso de analisar, mas também é ótimo parar ouvir de bobeira, para ouvir um som pesado mas mesmo assim envolvente e com o selo Marley de qualidade.
A produção é grande, tem como o maior nome o irmão de Ky-Mani, Stephen Marley. O disco como já foi dito, usa de elementos do hip-hop e do reggae misturados. É um disco para se ouvir com cuidado se for analisar a produção, já que todo esse conceito confunde nossa cabeça.


Abaixo o vídeo da ótima faixa One Time. O talento da família Marley é realmente hereditário.


Fonte: RAPLOGIA


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sample do Dia: Michael Jackson – We’re Almost There


Mais uma coluna nova na área. “Sample do Dia” vai trazer os sons originais que muitos produtores de Rap sampleam. Apesar de a coluna indicar ser diária, é possível termos dias que ‘falharemos’, mas o objetivo é sempre trazer um som novo a cada dia.
We’re Almost There faz parte do Forever, Michael de 1975. A música de MJ já foi sample de vários raps, o de mais fama, foi a faixa Our Dreams do disco Wu-Massacre de Raekwon, Ghostface Killah e Method Man. RZA sampleou o primeiro verso, que virou refrão na música do trio e o instrumental teve trechos também sampleados.
One More Step de Jadakiss também tem sample da música. A música é parte integrante do The Last Kiss de 2009. O som Letter to Sanaa de Joell Ortiz assim como a faixa Tribute to Scratching Pt. 2 de Biz Markie também tem samples da música de MJ. Abaixo, a faixa Our Dreams.

Fonte: RAPLOGIA

Review: Wu-Tang Clan – Enter the Wu-Tang (36 Chambers) [1993]


Nove de Novembro de 1993. Uma dinastia começava, a dinastia do Wu-Tang. Os nove jovens rappers não sabiam que mudariam a história de um estilo, e resgatariam o Rap de NYC de um período de apagão no cenário. A costa Oeste dominava tudo com Ice Cube, Snoop Dogg, Eazy E, Dr. Dre, o principal responsável disso foi a popularização do Gangsta Rap. O Rap agressivo de NYC passava por um processo de mudança, com a maior base nas técnicas de Rakim e afins. Os já rappers RZA e GZA – basicamente líderes do grupo -, fundaram o grupo em 92. Os dois rappers já tinham lançado álbuns, GZA em 1991, e RZA em 1992 e juntos a Ol’ Dirty Bastard, tinham um grupo chamado Force of the Imperial Master. Eles juntaram mais alguns rappers de NYC, e assim em 1992 lançaram o primeiro single do grupo, a música Protect Ya Neck. Todos os membros do grupo soltam versos extremamente violentos sobre a produção de RZA. E assim o Wu-Tang da o primeiro passo para o Enter the Wu-Tang (36 Chambers).
Enter the Wu-Tang (36 Chambers) tem um título bastante complexo. Mas fontes dizem, que é baseada na “Supreme Mathematic” que era uma filosofia dos Five Percenters. A filosofia do grupo era uma multiplicação de 9, no caso os 9 membros do grupo com as 4 câmaras (chambers) do coração – duas arículas e dois ventrículos -, e essa multiplicação dava o resultado de 36. Mas, como sabemos, o grupo tira muitas das suas filosofias de filmes de Kung Fu. Em 1978, foi lançado o filme The 36th Chamber of Shaolin, e dizem que o grupo se baseou nesse filme para criar o nome do disco. Eles se consideravam os mestres líricos das 36 câmaras, e estavam ‘a frente’ dos outros rappers por saberem destas filosofias. Mas essas teorias não garantem ainda a origem do nome do grupo. O disco, é um dos mais influentes da história da indústria do Hip Hop, é o ápice do hardcore hip hop, trazendo as tramas das ruas nuas e cruas para as letras.
Bring Da Ruckus abre o disco de forma pesada. Com diálogos de filmes como Ten Tigers from Kwangtung e Shaolin & Wu Tang; Ghostface, Raekwon, Inspectah Deck e GZA cospem seus versos de forma incrível. Com uma batida minimalista e obscura feita por RZA, a faixa consegue ser notória até hoje. O refrão também é feito por RZA. E não da para destacar um rapper nela.
Shame On A Nigga chega com o audio de uma cena de luta de algum filme de kung fu. Com samples de Different Strokes, de Syl Johnson e Black and Tan Fantasy de Thelonious Monk a faixa tem uma batida menos sombria que a primeira, mas continua minimalista. Raekwon, Ol’ Dirty Bastard e Method Man falam sobre os manos que fazem sucesso, vangloriando o estilo do Wu-Tang, falando que tais manos que ‘comandam a indústria’ não são nada baseado neles. Clássica.
Clan in da Front é toda performada por GZA. Com uma intro de RZA. É a segunda faixa que um membro do Wu-Tang performa sozinho, a outra é Method Man, que é performada pelo Meth, mas com intro de GZA e o outro de RZA e Ghostface. Clan in da Front tem samples de Synthetic Substitution de Melvn Bliss e Honey Bee, da banda New Birth. A faixa de Melvin Bliss também é usada como sample em Bring Da Ruckus. E Honey Bee, entra na temática em que RZA fala na intro, chamando o grupo de ‘abelhas assassinas’. Batida outra vez minimalista, mas não tanto sombria. As técnicas de GZA se sobressaem na faixa.
Wu-Tang: 7th Chamber tem todos os membros rimando. A faixa inclusive fala do nome do grupo em uma espécie de acrónimo, ‘We Usually Take All Niggaz Garments’. Batida sombria e com sample de Spinning Wheel do músico Lonnie Smith. Os membros do grupo espancam a beat com a violência de seus versos. Está faixa não é tão famosa, mas assim como todo o disco é de extrema qualidade.
Can It Be All So Simple traz Raekwon e Ghostface Killah cuidando dos versos e do refrão e uma intro com RZA. Batida leve, com samples de The Way We Were do grupo Gladys Knight & the Pips e I Got The de Labi Siffre. A música é um tanto melódica, e um remix dela é encontrado no disco de Rae, o Only Built 4 Cuban Linx… lançado em 1995.
Da Mystery of Chessboxin é co-produzida por ODB, e tem versos de U-God, Inspectah Deck, Rae, ODB, e Masta Killa; com um refrão feito por Method Man. Mais diálogos do filme Shaolin & Wu Tang são usados, mostrando que o grupo realmente tira suas filosofias desse estilo de filme, e que esse filme especialmente, inspirou e muito o grupo. Diálogos de Five Deadly Venoms também são usados na faixa.
Ah, a icônica Wu-Tang Clan Ain’t Nuthing ta Fuck Wit. Faixa co-produzida por Method Man. Samples de Check The Rhime do grupo A Tribe Called Quest são usados. Diálogos do filme Shaolin Executioner também são usados nessa produção um tanto menos sombria RZA cuida da produção, refrão, primeiro verso e do outro. As frases ditas por ele no refrão, eternizaram o grupo:
“And if you want beef, then bring the ruckus
Wu-Tang Clan ain’t nuttin ta fuck with
Straight from the motherfucking slums that’s busted
Wu-Tang Clan ain’t nuttin ta fuck with”
Os outros versos são de Inspectah Deck e Method Man. Samples de outras músicas também são usados, como a Impeach the President dos The Honey Drippers, Hihache da Lafayette Afro Rock Band e o tema da série de TV ‘Underdog’, que foi composto por W. Watts Biggers.
C.R.E.A.M. Um clássico do Rap. Quem nunca ouviu falar a frase ‘Cash Rules Everything Around Me’? o acrónimo é perfeito, virou uma espécie de gíria no Rap. Fala sobre o controle do dinheiro sobre tudo no mundo. A batida é sombria e pesada. Samples usados: As Long as I’ve Got You da banda The Charmels. Raekwon e Inspectah Deck cospem os versos e o refrão ficou por conta de Method Man.
Chegamos na faixa METHOD Man. O som que fala sobre o membro Method Man, é uma espécie de promoção a Meth. Ele sempre foi o membro mais ‘sociável’ do grupo, podemos ver isso durante a história do Wu. Ele sempre participava de filmes e coisas do tipo, era como o membro mainstream do disco. Que promovia. A música é bem violenta, a intro é uma conversa de Method Man e Raekwon falando sobre jeitos de torturar alguém. Os versos são de Meth, assim como o refrão. Clássica.
Bem, como já falamos de Protect Ya Neck lá no começo, vamos para Tearz. A faixa não tanto conhecida traz versos de RZA e Ghostfce Killah. Com uma batida pesadíssima, e samples de After Laughter (Comes Tears) de Wendy Rene, a faixa trás o conceito do samples. Mais ou menos algo como ‘pós risos, temos as lágrimas’. É uma faixa um tanto subestimada, já que o álbum é lotado de singles clássicos e faixas icônicas.
Wu-Tang: 7th Chamber—Part II é a continuação da quarta faixa. Na verdade é um remix, contém os mesmos versos, só que um sample de Clan in da Front. A batida desta faixa é mais trabalhada, e não é tão pesada como a original. Mas é mesmo assim um grande som
O disco ainda tem um remix de Method Man. Dessa vez com samples de Disco Lady de Johnnie Taylor, I’m Just a Bill de Jack Sheldon e um folk chamado Going to Kentucky. É bastante interessante, traz um novo verso de Meth, um ótimo verso aliás. É um ótimo som, e a batida está bem mais pesada que a da original.
A produção de Enter the Wu-Tang (36 Chambers) é algo que muitos dos produtores que começaram a fazer carreira no final dos anos 90 em NYC buscam se inspirar. Com muitos samples de soul, diálogos de filmes e as técnicas de RZA, eu particularmente considero a produção do álbum perfeita e genial. Acho o jeito que RZA ‘da’ as batidas, também genial. O produtor solta a batida enquanto alguns membros ‘batalham’ por ela soltando freestyles, a faixa Meth Vs Chef, do disco Tical de Method Man é uma dessas batalhas. Mas voltando ao disco do grupo, o lírico também é perfeito. Nenhum MC peca nas rimas, e o destaque vai para quem rima mais mesmo. Enter the Wu-Tang (36 Chambers) abriu portas para o renascimento de NYC, e é um dos melhores de todos os tempos. Resumindo, é um clássico que temos aqui hoje, outro disco que é essencial para um Rap junkie. Espero que tenham gostado, e fiquem ligados por que o Raplogia não para.

Fonte: RAPLOGIA