Ex-traficante, Wagner Ferreira ressaltou que a música afasta jovens das drogas
"Este recurso nos foi garantido em 2007, mas nunca foi repassado na totalidade nem na data certa. A verba que tem sido recebida é de R$ 30 mil, inferior ao prometido. É um dinheiro que faz falta à Semana do Hip Hop", reclamou na tribuna Jorge Cristiano Oliveira, coordenador da comissão organizadora.
Wagner Ferreira, outro membro do colegiado, enfatizou a importância social do trabalho desenvolvido pelo movimento. "Não é apenas uma celebração cultural. O hip hop também afasta muitas crianças e adolescentes do crime e da drogadição. Eu mesmo sou ex-traficante. Quem me tirou desse caminho foi o hip hop."
Diversas bancadas - P-Sol, PSD, PPL, PPS, PT, PTB, PSB - manifestaram apoio ao repasse da verba integral para a Semana do Hip Hop. Alguns parlamentares inclusive já conheciam os ocupantes da tribuna, caso do vereador Carlos Comasseto (PT), que lembrou as origens do movimento.
Fernanda Melchionna (P-Sol) questionou por que o valor ainda não havia sido liberado. "É quase nada para o orçamento do município: R$ 65 mil é uma pequena fração do que a prefeitura gasta em publicidade. É uma vergonha que uma verba tão pequena ainda não tenha sido executada", protestou.
Para solucionar o imbróglio, dois encaminhamentos foram propostos: o primeiro, pelo relator-geral da lei orçamentária, vereador Airto Ferronato (PSB); e o segundo, por Toni Proença (PPL).
Ferronato propôs que se elaborasse uma emenda para incluir a despesa na lei orçamentária desse ano, assinada por todos os vereadores. Proença propôs que os próprios organizadores do evento formulassem uma emenda popular e os vereadores interessados em apoiar a causa assinariam o documento. "Isso para que, no ano que vem, a Semana do Hip Hop de Porto Alegre tenha financiamento integral."
Independentemente do desfecho, DJ Cassiá (PTB), que organiza festas funk, questionou o destino dos investimentos públicos na cultura. "Eu nunca vi, por exemplo, a Petrobras investir na cultura da periferia, como o hip hop ou o funk. Mas a Petrobras investe na cultura elitizada a todo momento. E todos nós pagamos impostos da mesma forma."
Por fim, Cassiá desferiu uma crítica indireta aos colegas. "Eu estaria fazendo demagogia se dissesse que fazendo uma emenda solucionaria o problema do financiamento da Semana do Hip Hop de Porto Alegre. Não adianta eu fazer a emenda, sem antes conversar com quem tem o dinheiro, que é o prefeito", argumentou.
João Dib reclama do uso de boné em plenário
Depois da tribuna popular de ontem na Câmara Municipal de Porto Alegre, que foi ocupada por organizadores da Semana do Hip Hop de Porto Alegre, alguns vereadores criticaram a indumentária dos oradores da tarde. O vereador mais antigo da Casa, João Dib (PP), pediu a palavra quando os ocupantes da tribuna não estavam mais no plenário.
"O pessoal do hip hop veio aqui falar sobre educação e cultura. Cultura, pode ser que tenham. Mas educação, afirmo que eles não tiveram. O regimento interno exige de nós e dos nossos assessores que estejamos de terno e gravata ou pilchados, e que não se pode transitar pelo plenário de chapéu. Pois, um dos integrantes do movimento que compôs a mesa estava de boné", reclamou, irritado.
Em seguida, Dib fez críticas diretas à presidente da Câmara, Sofia Cavedon (PT), que também não se encontrava no plenário: "Gostaria que a presidente estivesse aqui, porque vou criticá-la. Pediram à presidente que exigisse que o rapaz tirasse o boné. Mas a própria presidente disse que não havia problemas em permanecer de boné. Eles tiveram uma falta de consideração com a Casa do Povo."
Apesar das críticas, Dib - líder do governo na Câmara - atendeu ao pedido da vereadora Fernanda Melchionna (P-Sol), que havia solicitado que ele interviesse junto a Secretaria Municipal da Fazenda para conseguir a liberação de R$ 65 mil para que fosse organizada a Semana do Hip Hop na Capital.
"A vereadora Fernanda pediu que eu falasse com o secretário da Fazenda para liberar a verba e eu o fiz. Ainda durante a tribuna, telefonei para o secretário e ele garantiu que vai fazer o possível. Não sou contra o movimento, mas devemos respeitar o regimento."
Fonte: Jornal do Comércio RS
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