16 anos atrás, Redman lançava o seu disco mais notório, o Muddy Waters.
Passado esses muitos anos, o rapper de New Jersey pretendia já fazer
uma sequência do trabalho, e dessa vez, parece que ele está realmente
trabalhando nele. Hoje de manhã no twitter, Redman divulgou que havia
terminado de escrever outra faixa do disco, e que estava buscando por
ótimos beats para o trabalho. Dúvidas de que o disco irá fazer barulho?
Nenhuma, se vir no mesmo nível do primeiro, Muddy Waters 2 irá ser um novo clássico.
Clássico. Em 2001, Immortal Technique fazia sua estréia do rap game com o disco Revolutionary Vol. 1. O álbum teve notas altas nos reviews de revistas especializadas, e ficou marcado como um grande ícone do ‘rap politizado’. Nele, uma música se destaca, e é dela que vamos falar hoje. É a música Dance With The Devil, produzida por 44 Caliber. Na faixa, Tech conta a história de uma rapaz que queria subir na vida com o crime, mas para entrar em uma gangue ele precisa provar que é frio o bastante. Sendo assim, tem de pegar uma mulher no meio da noite, estrupa-lá e logo depois mata-lá. Mas no final o mundo de Billy Jacobs – personagem da música – cai, já que a mulher que estava sendo estrupada era sua mãe.
Nessa faixa, Tech expressa todo um sentimento sobre a comunidade latina e afro-americana estar destruindo e denegrindo um dos mais preciosos que eles tem, no caso, as mulheres. A faixa se tornou um clássico underground, e hoje, está sendo lembrada.
Seguindo com a saga de reviews de discos solo do Wu-Tang, hoje trago a vocês o Liquid Swords, o segundo disco do GZA. O rapper que vai estar no Brasil, tem o que é aclamado por muitos como o melhor disco solo de um membro do Wu-Tang.
Gravado no porão de RZA, Liquid Swords traz uma impecável produção. Com samples típicos do amigo RZA, no caso, samples que vem de filmes de Kung-Fu dos anos 70. O álbum se abre com um sample desses, na faixa Liquid Swords. A maioria dos samples, são do filme Shogun Assassin, o que ajuda a criar uma atmosfera bastante obscura e sombria. E em tal atmosfera, são acrescentados referências líricas a xadrez, crime e filosofia. Isso se encaixa bastante no estilo de GZA, que é também chamado de Genius. O MC é realmente um gênio, suas técnicas são impecáveis, desde seu storytelling, até o uso de metáforas complexas.
Liquid Swords tem como ponto alto as músicas, Liquid Swords, Cold World,Duel of the Iron Mic e B.I.B.L.E. (Basic Instructions Before Leaving Earth) – que não é performada por GZA. Essas são algumas das melhores músicas, e o disco para mim, não tem nenhum ponto negativo. B.I.B.L.E. que é performada por Killah Priest, é uma música e tanto. Aborda questões religiosas, e de questão da origem da vida. “Life is a test many quest the universe/And through my research, I felt the joy and the hurt”. Em Liquid Swords, GZA manda jabs aos falsos da indústria e aos MCs fracos, a linha “I don’t waste ink, nigga I think” é um certo “real talk” na cara de muitos rappers. O flow de GZA nessa faixa, é algo incrível. O rapper rima sobre uma batida bastante interessante de RZA. Melódica e bastante pesada. Duel of the Iron Mic relaciona batalhas de rap com batalhas de samurai, e Cold World conta uma história de um “mundo frio”, cheio de crueldade, tristezas e indiferenças.
Um review mais curto que o de costume, mas, que explica bastante da genialidade do disco. Liquid Swords é obra indispensável na coleção de um Rap Junkie, e certamente é um dos maiores discos da história.
